Quero mais mas não posso, desejo mais mas não consigo, sonho mais mas não realizo. Que filme este, de película barata e cinzenta, esburacada e amorfa, sem vontade de alegrar ou de viver. Qualquer coisa divertida? Não existe. Não chega sequer para colorir uma noite vazia, impregnada de suores frios e insónias tardias. Não chega, não convence, não faz a sua viagem. Não vem do país dos sonhos, espalhando rastos luminosos ou arco-íris delirantes. Porque pura e simplesmente não existe. Ou não aparece. Ou não se digna em fazer cumprir o seu destino, juntar-se à sua metade, concretizar o sentido da sua existência. Talvez seja assim, o nada. O vazio assusta. Mas não é ignorado, subestimado. Faz parte da vida, como o fel do mel, o negro do branco, a covinha do teu sorriso que te faz mais tua, digna de si. É assim que te desejo, com defeitos, com manchas, com um passado e um presente, mas sempre com a covinha do teu sorriso, que faz de ti única, perene, incomparável…mas acima de tudo, real…
O Lugar do Corgo podia ser mais um de tantos blogs...e é. Ou se calhar não, é pior. Sei lá, pode ser o que quiserem, who cares??
domingo, julho 31, 2005
domingo, julho 24, 2005
Paisagens...
Uma boa paisagem é como uma janela para o nosso interior. Revela aquilo que somos e o que fomos, que queremos e o que conseguimos. Antecipa o futuro e faz recordar o passado. Congela o momento. Aquele momento que devia durar para todo o sempre, o momento em a história pára, os sons, as imagens, os odores se tornam únicos, inolvidáveis… Não desejava que fossem apenas momentos, mas perderiam irremediavelmente toda a sua magia se não fossem assim, tão tristemente efémeros. A fugacidade parece ser a estranha e masoquista condição para que sejam paradoxalmente duradouros, mas apenas na mente. Porque aí se tornam eternos, incomparáveis…esculpidos por hábeis artífices, prontos para ser delicadamente deixados na maior prateleira da nossa memória, brilhando perante toda uma série de recordações…
sábado, julho 16, 2005
Just stuff...
Cheguei, finalmente, ao fim do meu percurso académico. Acabaram-se as aulas e os testes, os professores e os exames, os estudos ao fim-de-semana e os agitados trabalhos de grupo. Festejei com uma bela jantarada, acompanhado pelos verdadeiros amigos, aqueles cuja faculdade foi apenas formalidade para que tivéssemos a oportunidade de nos conhecer. Há contudo neste momento para tantos de alegria imensa, um estranho sentimento de perda ao qual não consigo fazer frente. É como se ao fim de tantos anos de preparação para algo de importante, nos apercebêssemos finalmente que o realmente importante não é o que vem a seguir, mas sim o que se acabou de passar. E sem retorno possível. É, no mínimo, uma sensação estranha, mas não choro ou entristeço. Dou razão a Graham Greene: “no momento da comoção sofre-se pouco.”
Vejo a “Guerra dos Mundos”, protagonizado pelo maluco do Tom Cruise e assinada por baixo pelo velho Spielberg. Bem vistas as coisas, a grande razão que me levou a levantar do sofá e sentar-me nas cadeiras do cinemax. Apesar de não o achar nenhum génio, verdade seja dita que tudo onde o homem mete a manápula costuma ter selo de qualidade. Chego ao fim e reflicto. Bom drama, sem dúvida. Mas esperem aí, drama? Ter-me-ei equivocado na etiqueta? Lamento, mas não. Apesar das espectaculares e visualmente apelativas sequências de acção, o filme nunca se consegue descentrar do dilema de um pai totalmente perdido na sua gloriosa missão em salvar a família. São muito bem conseguidas, diria mesmo que brilhantes, as cenas de pânico, de claustrofobia, de uma quase piedosa comiseração pela espécie humana. Mas desenganem-se os que buscam uma guerra com alienígenas. A única guerra neste filme, é mesmo a do Homem com os seus próprios sentimentos.
PS: Há pôres do sol simplesmente fantásticos, não acham?
sexta-feira, julho 08, 2005
Reconhecimento...
Por muito que me apontem explicações intrincadas, sempre irei achar que o objectivo uno de todo e qualquer ser humano é de teor bem simplista: obter o reconhecimento dos outros. Observe-se cautelosamente as conversas banais de mesas de jantar ou barbeiros e que se regista? Que os nossos maiores e mais pequenos feitos só obtêm validade se devidamente considerados pela opinião sábia de que nos rodeia, independentemente da sua cor, raça, aptidão profissional ou animal doméstico. Convenhamos, é impossível fugir a esta tese. Afinal, as mais altas instâncias da instrução pessoal não só seguem o método como o incentivam vorazmente. De que nos serviria um mestrado ou doutoramento sem o respectivo canudo religiosamente pendurado na parede do quarto?
PS.: Após o pedido de inúmeras famílias e alguns emigrantes de leste, e depois de encontrada alternativa viável a esse intrincado enigma filosófico que é o programa Hello, decidi finalmente começar a publicar algumas das minhas fotos. O que terá a ver a dita flor com o post, perguntarão vocês. Absolutamente nada, direi eu. A beleza cabe em todo o lado...
PS2.: Nexinha, bem sabes que a parte dos emigrantes de leste e das famílias era a brincar :p Obrigado pela dica. Bjokas
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