sábado, setembro 11, 2010

O caminheiro

Há umas semanas conhecemos um caminheiro que vinha de Santiago de Compostela e que desenhava a lápis de cor as suas memórias, num pequenino bloco de notas. Entrou no café junto à praia, onde líamos tranquilamente o jornal abrigados da chuva de fora de época, e compôs tranquilamente a indumentária, fustigada pela pequena intempérie. Na ponta do lápis surgia depois, por entre a meia de leite, o rascunho do quadro pendurado na parede da frente. O cabelo grisalho e os olhos bem azuis, a mentalidade de quem fazia de um trilho o cumprir de um sonho anteviam tudo menos que falasse português. Mas não, enganárano-nos. Era bem "tuga", com nome de navegador. E dono de um caminho magnífico, repleto de histórias e desenhos, memórias que dificilmente o tempo apagará e que servirão de inspiração aos netos. Ficámos ali deliciados, embasbacados, com um sorriso indisfarçável. Talvez um dia compremos um livro, carregado de fotos e de desenhos e de uma coragem notável. E ao lembrar o autor o reconheçamos. Vasco da Gama.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Hoje vi um sr a encher garrafões de água numa boca de incêndio

Saliente-se o meu regresso às postagens com o tema "hoje vi um sr a encher garrafões de água numa boca de incêndio". "E com a mulher a ajudar". Isto na terreola onde as pessoas vêm passadeiras imaginárias em cada metro da estrada, invadindo o alcatrão como se não houvesse amanhã. Não fosse o assunto sério e palavra que gozava com ele. A sério.