segunda-feira, setembro 25, 2006

O momento...


Já viste estas nuvens? E as montanhas? E as luzes das casinhas perdidas no horizonte?
Eu sei, são bonitas…
Só dizes isso? Como podes ficar tão indiferente?
Conheço tudo isto, moro por cá…
Tens ideia da sorte que te assalta?
Talvez não, desconheço o meu rumo.
E não te preocupas?
Isso ser-me-ia completamente inútil.
Não posso acreditar! Apercebes-te tu da infinidade de coisas que te rodeiam? Dos pormenores que tornam a tua existência algo mais do que aprazível? Da aura que te acompanha para todo o lado para onde vais, como se de um anjo da guarda se tratasse? Acorda, vive, sente…A vida, não fundo, não passa de um momento.

"Pensa no momento. Todo o pensamento que perdura é contradição."

Marcel Schwob

segunda-feira, setembro 18, 2006

Os melhores momentos do amor


"Nos transportes do amor, na conversa com a amada, nos favores que recebes dela, até nos mais extremos, vais mais em busca da felicidade do que à tentação de provar isso de que o teu coração agitado sente uma grande falta, um não-sei-quê de menos do que ele esperava, um desejo de algo, mesmo de muito mais. Os melhores momentos do amor são aqueles de uma tranquila e doce melancolia em que choras e não sabes porquê, e te resignas quase na quietude a um infortúnio que desconheces. Nessa quietude, a tua alma está quase cumulada, e quase sente o gosto da felicidade. Assim como no amor, que é o estado da alma mais rico de prazeres e ilusões, a melhor parte, a via mais correcta para o prazer e para uma sombra de felicidade é a dor."

Giacomo Leopardi, in 'Pensamentos Diversos'

domingo, setembro 10, 2006

Confissões de uma mente perigosa...


Os momentos de reflexão têm destas coisas, a de por vezes nos mostrarem as nossas burrices. Gostava ter começado aqui de outra forma. A sério que sim. Acho que a origem deste quadro de registos merecia outra coisa. Mas tal como não podes fugir dos teus próprios medos, também eu por vezes me sinto incapaz de tornear os meus defeitos. Está claro que nunca irei conseguir ser tão bom como tu. Estás nos píncaros de tudo o que a bondade pode significar. Eu limito-me a seguir os trâmites desta vida que me persegue a cada dia que passa. Tomo as decisões em função do que penso ser correcto. Meço o meu ego, encho-o à custa de calculismos fúteis e sigo a minha vida, esquecendo-me muitas vezes do maior raio de luz que entrou na minha alma desde que o sol voltou a sorrir. Sou egoísta e insensível, e pior do que isto, integro-o como algo aceitável. Oxalá o mundo fosse um lugar mais simples. Podia clamar-se por justiça, como se de uma heroína se tratasse, para repor no coração de quem o merece o carinho que constantemente dá. Mas o mundo não é assim tão simples, nem eu, e por isso tenho medo. Medo do mundo, medo das coisas…no fundo, medo de mim.
09/09/06
algures entre Amarante e Penafiel

terça-feira, setembro 05, 2006

Só mais um post(e)


Enquanto deambulava ontem pelos Correios, não consegui deixar de reparar na vasta colecção de obras literárias que se acomodavam nas estantes. Livros de auto-ajuda, o livro de S. Cipriano em versão resumida, romances de trazer por casa… Dei por mim a pensar nessa coisa estranha que é a motivação pela escrita, ou os momentos de inspiração que a acompanham com indesmentível coerência. É coisa que nasce com a pessoa? É coisa inconstante, que aparece e desaparece sem aviso? Se nasce connosco porque vai embora de vez em quando? E se não é constante, então como sabemos quando a esperar? Enfim...

Vinha isto a propósito desta prolongada ausência de post(e)s. Tinha acabado, pela altura em questão, de cumprir a minha obrigação diária de fazer alguma coisa por mim próprio. Mais do que uma questão de auto-comiseração, faz-me dormir descansado. A sensação do dever cumprido ou a pequena ilusão de que uma simples carta poderá dar um novo rumo à nossa vida…

Adiante. Se há coisa que me acalma são as paisagens do campo da Belavista. Os calorosos cumprimentos do sr. António são já banalidade carinhosa, atestados de incompetência profissional é que não. Reajo firme e sigo em frente com vigor.

Segue-se uma “piscinada” relaxante (eu e os neologismos, que se há-de fazer…). Assim dá gosto misturar trabalho com lazer… De regresso a casa a confirmação de uma constatação há muito conhecida: o calor impede-me de funcionar correctamente. Devia ter nascido com uma etiqueta no pescoço, bem visível, que dissesse “manter a temperaturas abaixo dos 30º, em caso de avaria meter num avião e enviar para as Maldivas, mas com carinho”.

Chegas hoje. Não faz mal. No fundo no fundo, nunca de cá saíste.

PS.: Só mesmo para escrever mais um post(e).