segunda-feira, novembro 27, 2006

Chuva lá fora. A alegria entrecortada. Chuva cá dentro.
A mais pura certeza que a alma só se abre quando o espírito não é mais do que uma janela molhada.

Quis o mundo mostrar-me o mais básico dos anticivismos. Coisas de pouca monta, trivialidades de um jogo que não interessa à cultura.

A alegria entrecortada.

O sofá parece acolhedor nestas alturas. Uma série da Fox e umas bolachas de chocolate. Envelhece-se depressa, sem deixar correr o tempo. Os pequenos prazeres parecem sempre demasiado efémeros...

quinta-feira, novembro 09, 2006

Inspiro-me

Inspiro-me? Nada mais errado.
Como se o ego não se construísse. Deixaste-me assim, a pele nua. Um Outono de palavras, com folhas secas de pontuação. Foi-se o momento, a respiração sentida. Agora o que resta é um manto de pensamentos. O peito cansado e uma memória recalcada.
Espero rever-te, sem mais delongas, o negro justo, o coração apertado, a esperança de que retornas... sempre. Sem destinos retorcidos, confusões de tempos ou relógios chatos, inoportunos. Apenas tu. Como se o mundo não se concluísse. Basta-me o olhar, o sorriso, o peso da tua mão...
Agora sim, inspiro-me. O tempo passa, mas tu não.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Sucesso


Hoje fui o último a sair do balneário. Apetecia-me sentir até ao último assomo da sua existência temporal aquele saborzinho da vitória, aquele eco dos festejos, aquele trago de sucesso que senti também ser meu. Acima de tudo sentia-me útil. Aquilo a que os mais românticos chamarão a “sensação do dever cumprido”. O sucesso será sempre mais uma ferramenta de medição das coisas, bem sei, não comparável à rectidão de uma fita métrica ou de um conta-quilómetros, mas ignorando-se as intromissões de invejas ou afins, o seu valor é inegável e de longe o mais reconhecido. Tem o poder de esquecer agruras e relevar optimismos. De afastar maus augúrios e exacerbar agradecimentos. Mas também a capacidade de por ténues momentos, pelo meio dos seus exageros, arrastar consigo a justiça…

Apertei o casaco e olhei uma última vez para a bancada agora vazia. Ao fundo as nuvens laranja, silenciosas companheiras de cenário, em último vislumbre de tranquilidade… Era tempo de voltar à vida, às perrices, aos distanciamentos indevidos, às pressões, aos egoísmos, às reflexões de pé de chinelo e um mais não sei quê de algo que não importa.

Deixemo-nos por momentos de apertos indevidos. Já bastam as amarras da mente, aquelas que nos incomodam quando a sorte tudo torna fácil, demasiado simples para aqueles pensamentos intrincados. Há-de vir sempre mais uma filosofia, um estigma que teime em estragar e tirar o sentido das coisas.

Deixem-me por momentos respirar o ar de fim de tarde, relaxar ao sabor de uma tranquilidade doce, sentir a brisa, não o vento, desligar o rádio e seguir caminho em estrada aberta…

Deixem-me parar de ser injusto, de procurar incessantemente a justiça, de ter medo de arriscar, de arriscar quando não sei, de não pensar antes de agir, de viver a vida a pensar…

Libertem-me as amarras da mente, os complicómetros da vida, deixem-me alcançar a realização, deixem-me ousar seguir o trilho… em direcção ao sucesso.
PS.: Não tenho outra tradução para a injustiça: desculpa-me.

sábado, novembro 04, 2006

Um minutinho

Eh pah, façam uma pausa e tirem um minutinho... Depois digam-me se não valeu a pena :p

http://www.youtube.com/watch?v=X7SWS4RoUYU