domingo, outubro 15, 2006

O talvez e o sacrifício


Tenho um banco no pátio em que me costumo sentar para escrever. Hoje lembrei-me do quanto havia já passado desde a última vez que o usara. Penso que talvez tenha mudado o meu sistema de orientações, de forma a que as divagações existenciais já não mereçam espaço privilegiado por entre as preocupações rotineiras ou os assuntos de amor que tanto enobrecem a alma. A mesma ordem de razões que me impedem de deixar escorrer aquele lado manhoso de temporadas passadas, de trago fácil e cigarrada à descrição, estórias contadas ao sabor de um cálice e de um discurso sentido. Talvez com propriedade possa dizer que me sinto velho. Talvez não esteja talhado para viver entre as preocupações mundanas da sociedade que nos acolhe. Ou talvez apenas não queira aceitar os sacrifícios como vivências quotidianas como toda a gente os vê. Talvez não olhe para o sacrifício como algo curriqueiro, porque na equação simples da vida sempre me habituei a olhar para ele apenas como um meio para atingir um fim. Um fim que mais não represente do que o inicio de uma nova luz, um fim que motive, que nos lembre o que fazemos por aqui, o objecto de uma existência. Um fim que nos orgulhe…e que nos trace um rumo. Dito assim, quase que aposto, ninguém lhe chama sacrifício

"Temos de renunciar ao mundo para o compreender."
Jean Grenier

1 comentário:

nexinha disse...

"A cada instante há que sacrificar o que somos ao que podemos vir a ser"

(se fosse a ti, n apostava...)

Conhece-te a ti mesmo, toma nota do que queres ser, tira os "talvez" das tuas decisões e o teu rumo, quem sabe, começa a ser traçado da melhor maneira... mas tb... quem sabe se não está já a ser... :) *