segunda-feira, janeiro 30, 2006

Thoughts...


Perdido por momentos por entre o sol de Inverno, sentiu fugazmente o sabor da felicidade. Sabia que algo estava incompleto, como se de um puzzle em montagem se tratasse, mas a agradável subtileza com que as outras peças por ora se encaixavam mascarava a perda, permitindo a ilusão satisfatória da plenitude. Há consciências verdadeiramente chatas, de permanente sobreaviso e realismo incómodo, da qual ele sabia ser impossível conseguir fugir. Era tão apenas e só uma questão de tempo. Mas enquanto durasse, o momento dever-se-ia eternizar, aproveitar, engrandecer até ao tutano, de modo que a vida, por entre os seus meandros de causas perdidas, tivesse enfim uma pausa que merecesse ser contemplada.

A importância desmedida das grandes coisas tinha este tipo de consequência, que insistia em ignorar o valor das mais pequenas. Ele sabia que o sonho, ou seu parente próximo, não passava disso mesmo, de um sonho. Não ousava trazê-lo para o plano da realidade, porque os efeitos, a existirem, seriam demasiado maus para que ele pudesse vir a aceitá-los sem se culpar a si próprio por não ter pensado em alternativas. Preferia deitar-se e simplesmente deixar a alma voar, pensar em como seria bom se um dia se concretizasse, sustendo na mente aquela imagem que o aconchegava, do que simplesmente divulgar o segredo, transformá-lo em problema e estragar o que por agora tinha sido atingido. Era demasiado bucólico, ele sabia-o, mas continuava a querer dar valor às pequenas coisas, que o faziam todos os dias um bocadinho mais feliz, em vez de uma realidade cinzentona e agreste, que no fundo, acreditava não merecer. Talvez se enganasse a si próprio, mas que importa, se nunca tivesse dependido dele a opção?...

2 comentários:

Anónimo disse...

"Talvez se enganasse a si próprio, mas que importa, se nunca tivesse dependido dele a opção?..."

era porreiro se ele se levantasse e fizesse as coisas dependerem dele. digo eu.. do fundo da minha adolescente ignorancia :P

Uma palavra pa ti: genial.

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astolfo disse...

talvez a suprema ironia seja q a tarefa é msmo complicada, tenho a certeza q concordarias...
mas prontuh, isto sou so eu, ele é q sabe :P
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