quinta-feira, maio 22, 2008

O falhanço de Terry


Quando John Terry caminhou para a bola, colocada sobre a marca de grande penalidade, já em plena madrugada moscovita, no último penalty da série de cinco da sua equipa, deve ter pensado em tudo menos em falhar. Se há momento na vida de um futebolista em que não se pode falhar é aquele. São 150 milhões de pessoas de olho em ti, milhares de flashes, de corações prestes a explodir, apenas à espera daquele teu derradeiro gesto, daquele segundo de redenção que pode marcar toda uma vida. Quando Terry se aprestava a chutar deve ter pensado "esta não falho, de certeza." Mas falhou. Escorregou no momento do remate e a bola deslizou errantemente em direcção ao poste. Não foi um falhanço normal, o guarda redes já estava batido, a baliza semi deserta, a convicção do capitão do Chelsea que momentos depois iria agarrar a taça. Mas escorregou. Daqui a anos ninguém se lembrará que Anelka também falhou, mas sim do deslize de Terry quando todos os flashes estavam apontados para ele, que o pequeno dilúvio entretanto instalado no Luzhniki Stadium o fez perder o pé de apoio no momento mais decisivo na sua carreira...

Por isso o futebol consegue ser tão apaixonante... No fundo retrata todas as emoções da vida elevadas a um plano quase poético, pintado nas botas dos grandes artistas. Se formos a ver, a terrível frustação de Terry acabou por ser a salvação de Ronaldo, que esteve a um pequeno passo do pior dia da sua vida. Assim pode festejar, tudo se esquece. Menos o escorregão de John...

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