domingo, junho 04, 2006

Um dia passado...


Ontem fui para o quarto a pensar que queria desta vez escrever algo sobre coisas mundanas, uma rotina, ou o simples acumular de gestos de mais um dia passado.
Pois então posso começar por dizer que iniciei o dia a pensar na impossibilidade da perfeição. Sim, dito desta forma soa a estupidamente lógico tendo em conta a minha forma de pensar (se há coisa que o síndrome da Alice ensinou…), mas falo simplesmente no quanto o simples facto de querermos ser bons nos pode às vezes coibir, cegar, sufocar ao ponto de nos tornar, nem que seja apenas por momentos, em cinicamente maus…

Continuei o dia a pensar em profissionalismo. Em trocar gesto de lazer por trabalho fortuito, mas surpreendentemente proveitoso. Na tranquilidade de um futuro estável. Depois a tristeza… Do quanto custa sentirmo-nos incapazes de alterar o futuro de alguém próximo, ou mais que isso, um presente que incomoda. Do quanto custa enfrentar os nossos próprios medos, do quanto às vezes a vontade não chega se estes insistem em importunar. E mais uma vez o lembrete… Não se pode ser assim tão bom…

À tarde a ansiedade. Perfeitamente escusada.

Uma rotina de algum tempo, os miúdos a correrem na poeira de Verão, um jogo interrompido pela ambulância do INEM, uma imagem que choca, a fugaz derivação da mente pelo mundo das vocações, porque se o sou (deveria sê-lo?) não o sou o suficiente, se o não sou não faço sentido, se o ainda serei custa esperar…
Uma viagem com a mão à janela cortando o vento, ouvir na rádio o som da Bela Vista e um sorriso que surge…só de pensar que há alguém que eu quero sentir feliz…o esteja realmente…

Vem a noite. Há mais um jogo, mais uma viagem. Uma pequena desilusão entrecortada por reencontros felizes… Mais uma vez, porquê a ansiedade?
Ok, sempre valeu a pena vir cá, pelo menos há projectos que saem enriquecidos. Ouço piadas brejeiras, o mundo do gel e das minis que se engolem até cair.

Escapo-me, isto não é para mim.

Ouço a rádio, vejo a TV.
Mais conversas profissionais. O projecto é viável? Sim, claro, tem que ser, vai ser, não esqueçamos os BMW’s, os Porsches, a rede de clínicas, a conta recheada, o ministro da fisioterapia, né Dani?
Ouço exemplo feliz de romantismo. Confirma-se, ainda não sou suficientemente bom.

Acabo a escutar Red Hot como nunca. Com um sorriso de orelha a orelha que nem é preciso explicar.

É bom adormecer e pensar:

não sabes o bem que me fizeste…

5 comentários:

Anónimo disse...

È aqui que se encomenda papas de sarrabulho?

Daniel C. disse...

não se pode perder sempre...

viver aprisionado a expectativas e sonhos, que nunca chegam, que sempre se desiludem em si mesmos porque simplesmente o mundo é demasiado estranho para fazer sentido...
Não és suficientemente bom?! És apenas o melhor de ti a cada momento, e acredita, não porque sou eu que o diga mas porque a tua vida o demonstra, a tua tentativa é mais do que suficiente.
Cresces com o mundo e subitamente olhas para um dia que querias rotineiro e percorres um turbilhão de sentimentos, acções, pensamentos, mas não é assim que deve ser?
Se viver é apenas um dia que passa numa rotina que corrompe e destrói qual é o propósito de sorrir?
you have always the path beneath you, viver é assim, um caminho de espinhos, esperas e ansiedades... o que valerá a pena?tu próprio o disseste um sorriso antes de adormecer e a certeza, cada vez mais próximo dos teus sonhos, e tu sabes a realidade supera todas as expectativas quando estas não nos aprisionam na gaiola dourada da perfeição! um grande e sentido abraço never fear!!!!!

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